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🕵️♀️ Vamos à história...
Como sempre, fui ler sem sinopse, sem lembrar direito do que vi no TikTok. Só sabia que precisava ler.
Aos 11 anos, Naomi Shaw viveu o pior pesadelo da sua vida. Com 17 cicatrizes pelo corpo, uma delas estampada no rosto, ela é sobrevivente de um ataque brutal numa floresta em Chester, junto com suas melhores amigas Cassidy e Olivia. Um serial killer, Sthal, foi preso como o autor do ataque, mas a verdade... nunca foi contada por completo.
Dez anos depois, Naomi vive em Seattle tentando se desvencilhar da fama de "a menina que sobreviveu", mesmo com a cicatriz sempre ali. Até que recebe uma ligação: Sthal morreu. E com isso, a verdade começa a emergir — Liv quer expor o que de fato aconteceu. Naomi volta para Chester e também para a floresta que guarda lembranças boas e horríveis.
Quando eram pequenas, as três brincavam de "jogo da deusa" — uma invenção mística e imaginativa em que precisavam cumprir sete tarefas e fazer oferendas. Só que conforme os eventos atuais se desenrolam, Naomi começa a entender que tudo que acreditava pode estar errado… inclusive o próprio depoimento que deu anos atrás.
Naomi é complexa — e real
A protagonista não é fácil de amar, e isso é proposital. Naomi é cheia de traumas, tem uma família disfuncional, já se machucou, foi perseguida pela mídia e viveu algo que destruiu a infância dela. Esperar que ela seja doce, simpática e sorridente? Não dá. Achei a construção dela muito crível. Se você leu esse livro esperando uma mocinha de conto de fadas, leu errado.
O pai dela, inclusive, é um retrato daqueles pais que erram feio, mas vão tentando se redimir — e mesmo que o passado não se reescreva, é bonito ver a tentativa de reconstrução.
🔪 Sobre o suspense em si…
Meu repertório no gênero ainda não é vasto, então tudo me pega de surpresa — e por isso, talvez, a leitura tenha funcionado tão bem pra mim. Fui desconfiando de todo mundo. Não tinha ideia de quem era o culpado. E a autora conduz a narrativa de forma magnética.
Tem dois crimes sendo investigados e ambos se entrelaçam. E o final… MINHA NOSSA! Eu não esperava nada daquilo. O livro é cheio de reviravoltas, e isso me manteve completamente envolvida até a última página. Uma história de ficção, sim, mas que poderia facilmente ser um caso da vida real. Perturbador.
Eu não acredito que crianças sejam 100% puras. Todo mundo tem um lado sombrio — e é por isso que ele precisa ser trabalhado desde cedo.
A Cass, com ciúmes, manipulou a Liv para dar a primeira facada na Naomi, usando o jogo da deusa como disfarce. Depois, vendo que Liv hesitou, Cass terminou o que começou. É trágico e revoltante. Eu sabia que o Coton estava sendo bonzinho demais, mas fiquei em choque ao saber tudo e como as coisas aconteceram com a Perséfone, foi uma junção de acidente com omissão de socorro. ☹
Quanto ao Ethan, filho do Sthal, eu desconfiei dele o tempo todo. Mas, no fim, o que ele fez não chega perto do que Cass e Liv fizeram com a própria amiga. Por isso, achei o desfecho justo.
Considerações finais
Fazia tempo que um suspense não me pegava desse jeito. Fiquei feliz de ter saído do ciclo de romances repetitivos e lido algo tão forte, tenso e humano. A escrita da Kate Alice Marshall é envolvente e emocional, e esse livro foi um baita acerto.
Avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐/5